Enquanto ela cozinhava uma brisa fresca soprava levemente.
Quem olhasse se longe poderia jurar que aquela cena fosse trivial, sem emoção e
até sem graça.
De perto não.
Ah, se os olhares soubessem tudo que se passou antes daquele
momento. O ônibus lotado às 5:30 da manhã, o cuidado com os filhos, a arrumação
da casa, o assédio no trabalho, o cansaço. A vida.
O macho chegou. A mesa estava posta, o jantar quente. Ela, leve como a brisa que lhe acariciou momentos antes, esperava ser vista de perto. Teve de se conformar, foi paciente e desempenhou com firmeza
seu papel de fêmea.
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