21.4.12

Fêmea do século XXI

Enquanto ela cozinhava uma brisa fresca soprava levemente. Quem olhasse se longe poderia jurar que aquela cena fosse trivial, sem emoção e até sem graça.

De perto não.

Ah, se os olhares soubessem tudo que se passou antes daquele momento. O ônibus lotado às 5:30 da manhã, o cuidado com os filhos, a arrumação da casa, o assédio no trabalho, o cansaço. A vida.

O macho chegou. A mesa estava posta, o jantar quente. Ela, leve como a brisa que lhe acariciou momentos antes, esperava ser vista de perto. Teve de se conformar, foi paciente e desempenhou com firmeza seu papel de fêmea.